terça-feira, 6 de novembro de 2007

FORUM PAULISTA DA JUVENTUDE NEGRA

INTRODUÇÃO
Como se define a juventude negra do Brasil? As especificidades são inúmeras, considerando-se as diferenças e desigualdades sociais, no que diz respeito à escolaridade, renda familiar, lazer, gênero, saúde e diversos outros fatores.Os(as) jovens negros(as), através de suas manifestações nos setores político, cultural e social, têm alcançado espaços de representação nos diversos segmentos da sociedade brasileira, apresentando-se como atores e atrizes capazes de estabelecer diálogos, oportunidades, conquistas e propostas políticas.De acordo com uma pesquisa recente da Fundação Perseu Abramo, os(as) jovens negros(as) chegam a 16 milhões de pessoas, considerando-se um percentual de 47% de negros(as) na juventude brasileira. A juventude negra é pelos dados de que se dispõe aquela que mais atenção deveria merecer das políticas públicas, a pesquisa aponta para uma realidade na qual a discriminação racial, a desigualdade socioeconômica e a falta de acesso ao lazer, entre outros aspectos, são uma constante na vida da maior parte destes(as) jovens.
HistóricoCom o objetivo de ampliar o diálogo sobre esta problemática, a juventude negra do país reuniu-se, após intensas e batalhadíssimas etapas municipais, regionais, estaduais, no Encontro Nacional de Juventude Negra – o Enjune. Uma mobilização nacional de jovens negros e negras que se articularam através de um fórum de discussão na internet e realizaram reuniões mensais, semanais e/ou diárias com participação de representantes de vários estados do país, com o intuito de convocar e mobilizar a juventude negra brasileira. A organização deste encontro possui um perfil afrocentrado, suprapartidário e sem vínculos religiosos. Sua construção se deu de forma coletiva, contemplando os diferentes perfis de juventude e as particularidades de cada região, apontando para uma organização heterogênea, mas que mantenha sua autonomia enquanto juventude negra.Existem várias ações positivas sendo desenvolvidas oriundas de diferentes setores e lideranças sociais. A juventude negra, mesmo inclusa nestes processos, muitas vezes atua como coadjuvante. Acreditamos que, enquanto juventude organizada, teremos a possibilidade de construção de um plano de metas da juventude com uma plataforma única, que nos possibilite um novo papel, que nos permita tratar de nossas questões e contribuir neste novo panorama social no contexto étnico/racial.A juventude negra organizada, fruto da ação histórica do movimento negro e já parte deste, vem construindo suas alternativas na luta anti-racista e pela promoção da igualdade étnico/racial de oportunidades. A cultura Hip Hop, os grupos culturais, a capoeira, as manifestações regionais, os coletivos de estudantes, entre outros grupos organizados, atuam como um amplo movimento que, mostrando capacidade de organização, tem mobilizado os(as) jovens negros e negras denunciando o racismo, a discriminação, a violência e a falta de oportunidades impostas pela sociedade a esta juventude. Neste sentido, a interação entre estes movimentos através deste encontro deu-se uma contribuição ímpar a luta do povo negro.Um dos objetivos principais foi discutir o genocídio da juventude negra, tema fortemente abordado pela Marcha Zumbi+10, realizada em novembro de 2005. Os dados para o homicídio da juventude são alarmantes, a cada 100 mil jovens, 39,3 brancos(as) morrem por homicídio; entre os(as) jovens negros(as), o número é de 68,4 por 100 mil, diferença de 74% a mais, o que revela o quanto o racismo está conjugado à violência.A saúde da população negra; LGBTT: Identidade de gênero e orientação sexual; Trabalho, empreendedorismo e geração de renda; Educação para a construção da identidade negra brasileira; Terra para a população negra e periférica nos espaços ribeirinhos, rurais, quilombos e urbanos; Políticas de reparações e ações afirmativas; Cultura como forma de transformação social; Estratégias de inserção, ocupação e luta de classe nos espaços políticos; Segurança, vulnerabilidade e risco social; Emponderamento tecnológico e dos meios de comunicação; Religião do povo negro brasileiro; Direitos das Mulheres Jovens: Gênero e feminismo; Meio ambiente e desenvolvimento sustentável; foram os eixos temáticos debatidos no Enjune.
Lauro de Fretias-BA: O Um Sonho Que Se Torna RealidadeNos dias 26, 27 e 28 de julho deste ano, a cidade de Lauro de Freitas, Bahia, sediou o I Encontro Nacional de Juventude Negra e a participação de 620 jovens de todas as regiões do Brasil, vindos de 17 estados. O ENJUNE teve como objetivos centrais promover um intercâmbio entre os grupos, coletivos, organizações e atuantes da juventude negra; socializar as experiências e ações da juventude negra entre os(as) participantes através das atividades propostas pelo encontro; construiu um documento representativo da juventude negra que servirá de orientação para a implementação de políticas e ações focais para esta juventude. Este documento servirá de diretriz para ações do poder público, sociedade civil organizada e juventude negra; criação de uma rede de comunicação para juventude negra, que reúna e distribua informações sobre esta juventude. O Multimídia Afro compreenderá jornal impresso, portal eletrônico, programas para o radio e televisão; efetivação de uma Rede Nacional de Juventude Negra que articule e promova uma participação política e social dos(as) participantes de todo o país. A Rede funcionará para implementar e coordenar as ações apontadas pelos resultados do Enjune. Os Estados de Alagoas, Sergipe, Paraná, Amapá, Bahia, Ceará, Distrito Federal, Espírito Santo, Minas Gerais, Pará, Paraíba, Pernambuco, Piauí, Rio Grande do Sul, Rondônia, Rio de Janeiro e São Paulo estiveram representados nas discussões do ENJUNE, objetivando a formulação do documento de orientação para as políticas públicas de juventude e apontamentos, com uma metodologia de trabalho para construção do documento nacional baseado em Rodas de Discussão e Painéis Temáticos com 14 temas acima citados que foram identificados como discussões pertinentes para a conjuntura da juventude negra brasileira.A juventude negra agora possui um mapeamento nacional e expressivo de suas demandas, questões e perspectivas, o que potencializará o debate nacional e a intervenção política desses(as) atores e atrizes nos espaços de poder.
FÓRUM NACIONAL DE JUVENTUDE NEGRA A militância dos movimentos negros tem sua relevância, história, conquistas e méritos. Mas temos uma juventude negra diferenciada, já ocupando os espaços, participando, atuando, protagonizando suas ações, cada vez mais presente nas periferias e bases e se livrando de vez dos paradigmas de que “jovem é coisa do amanhã” e que “jovem é imaturo, irresponsável”. As novas perspectivas também sinalizam para um afrocentrismo fortemente preparado para combater os vícios dos movimentos sociais baseados no paternalismo estatal, visando à promoção da igualdade racial. Lembrando sempre a autonomia e independência com ênfase no protagonismo nas ações desta juventude negra e suas várias especificidades. Todo este trabalho foi finalizado com a elaboração do documento de orientação para as políticas públicas de juventude e apontamentos para a implementação do Fórum Nacional de Juventude Negra. O documento final representa a fala do povo jovem, preto e da periferia, e o seu debate e divulgação em âmbito nacional, bem como a intervenção política desses(as) jovens negros(as) nos diversos espaços que se fizerem necessários (estado, iniciativa privada e terceiro setor). É para esta finalidade que o Fórum Nacional de Juventude Negra se apresenta. Composto por 54 pessoas no total, sendo duas por estado, o FJN tem o papel de desenvolver-se a partir do debate, mobilizações, elaboração de documentos, plenárias estaduais, regionais e nacionais etc. para ampliar o corpo político e social para as deliberações do ENJUNE.
O FÓRUM PAULISTA ESTADUAL DE JUVENTUDE NEGRA Segundo a Fundação SEADE – Sistema Estadual de Análise de Dados, o estado de São Paulo possui 41.111.161 habitantes, o que representa aproximadamente 22% da população brasileira. Destes, aproximadamente 30%, segundo o livro Seminário Saúde da População Negra – Estado de São Paulo , 2004, são negros (pretos + pardos) o que nos dá mais de 11 milhões de negros no estado de São Paulo. Respeitando o recorte geracional nessa população negra do estado de São Paulo, a juventude negra paulista é a mais populosa da Federação Brasileira. Mais que só uma maioria populacional, a sua responsabilidade política na construção de uma base no que tange às novas perspectivas na militância étnico-racial (tema-chefe do Enjune) nos remete a um momento de avaliação do que foi feito até o momento quando o assunto é Enjune. O Enjune nasce de uma realidade concreta que é a necessidade de incluir na agenda estatal a discussão sobre o que é ser um jovem negro no Brasil e quais as suas demandas. A necessidade de mecanismos de diálogos eficientes entre os segmentos populacionais, poder público e terceiro setor é uma das formas de se construir conjuntamente meios para cumprimento das oito metas do milênio, da Constituição Federal e do Estatuto da Criança e do Adolescente. A que vem o Fórum Paulista de Juventude Negra A proposta de Fórum Paulista de Juventude Negra traz, como peculiaridade, a idéia de integrar a sociedade – em especial, jovens negras e negros – com a Universidade Federal de São Carlos, contribuir com as discussões teóricas e políticas sobre ações afirmativas em toda a sociedade brasileira – em especial, as ações afirmativas nas universidades públicas –, difundir e debater os dados culturais da sociedade brasileira – em especial, a cultura afro-brasileira –, bem como promover a interação dos envolvidos neste evento a fim de trocar experiências e conhecimento através de atividades intelectuais, acadêmicas, esportivas e artísticas, com oficinas, jogos, debates, palestras etc. A participação é ampla e irrestrita, independente de contribuições financeira, em especial jovens (de 16 a 30 anos), um público de 200 pessoas
NOSSA SEDE: A CIDADE DE SÃO CARLOS
São Carlos foi uma das últimas cidades do Estado de São Paulo a abolir a escravidão. Com renomados senhores de café, foi a sede de uma Oligarquia poderosa, que mesmo hoje marca a cidade. Talvez esteja neste elemento histórico a explicação para esta cidade ser o local onde tantas lutas sociais ocorreram. A luta dos trabalhadores pela democracia na década de 1970, o movimento estudantil contra a ditadura militar e a cidade onde foram formados politicamente líderes negros como Henrique Cunha Júnior e Ivair dos Santos, e conta com diversas entidades de combatividade exemplar. Desde 2001 o Governo Democrático Popular criou dois organismos de política de igualdade racial, cumprindo um compromisso assumido junto ao movimento negro da cidade. Desde então programas de formação para Educação das relações étnico raciais, trabalhos de sensibilização da população nos departamentos públicos e da população em geral, mapeamento da anemia falciforme, criação do Conselho Muncipal da Comunidade Negra, criação do Centro Municipal de Cultura Afro-Brasileira Odette dos Santos”, entre outras realizações. Por outro lado, desde 2005, existe uma Secretaria Municipal Especial de Infância e Juventude que sempre trabalha com recorte étnico-racial em suas políticas. Certamente seja isto que conduza esta cidade a ser referência nacional e internacional na política de aplicação Estatuto da Criança e do Adolescente.Outra conquista do movimento negro são-carlense é o desenvolvimento de uma política de ações afirmativas na Universidade Federal de São Carlos, aprovada no dia 01 de dezembro de 2006 e terá como primeiro ano de aplicação neste vestibular que ora desenvolve-se. Ainda nesta universidade podemos sublinhar a existência de um Núcleo de Estudos Afro-Brasileiros, dirigido pelo professor Dr. Valter Silvério, que também é presidente da Associação Nacional dos Pesquisadores Negros, e conta com a Profa. Dra. Petronilha Beatriz G. e Silva que escreveu o parecer do Conselho Nacional da Educação sobre a lei 10639/03.

4 comentários:

Fernando Tobgyal disse...

Salve Anderson,
Parabéns pelo belíssimo blog, sucesso!!!
Abraço fraterno em todos
Fernando Tobgyal
http://fernandotobgyal.blogspot.com/

Escritas Afro Lilas disse...

A iniciativa é brilhante, precisamos cada vez mais potencializar nossas intervenções através das ferramentas tecnológicas/virtuais.
Quero propor que adicione cores de preferência as da unidade africa, algo como bordas vermelhas, verde, amarelo...enfim cores e muitas fotos.
Latoya Guimarães

Unknown disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Unknown disse...

Salve Anderson,

Tamo junto na contribuicao.

Baixada no ar...

Seguem os enderecos do fotoblog , do blog e da comunidade no orkut juventude negra da Baixada Santista na internet.

(Blog) http://juventudenegrabaixadasp.zip.net/

(Fotoblog) http://juventudenegrabaixadasantista.nafoto.net/

(Comunidade) http://www.orkut.com/Community.aspx?cmm=41557115

Abracos,

Julio